segunda-feira, 31 de março de 2014
quarta-feira, 26 de março de 2014
Não me perguntes, porque nada sei
Não me perguntes, porque nada sei
Da vida,
Nem do amor,
Nem de Deus,
Nem da morte.
Vivo,
Amo,
Acredito sem crer,
E morro, antecipadamente
Ressuscitando.
O resto são palavras
Que decorei
De tanto as ouvir.
E a palavra
É o orgulho do silêncio envergonhado.
Num tempo de ponteiros, agendado,
Sem nada perguntar,
Vê, sem tempo, o que vês
Acontecer.
E na minha mudez
Aprende a adivinhar
O que de mim não possas entender.
Miguel Torga
Da vida,
Nem do amor,
Nem de Deus,
Nem da morte.
Vivo,
Amo,
Acredito sem crer,
E morro, antecipadamente
Ressuscitando.
O resto são palavras
Que decorei
De tanto as ouvir.
E a palavra
É o orgulho do silêncio envergonhado.
Num tempo de ponteiros, agendado,
Sem nada perguntar,
Vê, sem tempo, o que vês
Acontecer.
E na minha mudez
Aprende a adivinhar
O que de mim não possas entender.
Miguel Torga
segunda-feira, 24 de março de 2014
Quem és tu
Quem és tu que assim vens pela noite adiante,
Pisando o luar branco dos caminhos,
Sob o rumor
das folhas inspiradas?
A perfeição nasce do eco dos teus passos,
E a tua presença acorda a plenitude
A que as coisas tinham sido destinadas.
A história da noite é o gesto dos teus braços,
O ardor do vento a tua juventude,
E o teu andar é a beleza das estradas.
Sophia de Mello Breyner Andresen
domingo, 23 de março de 2014
Este é o dia novo. Sei-o pelo desejo
Este é o dia novo. Sei-o pelo desejo
De o transformar. Este é o dia
transformado
Pelo modo como apoio este dia no
chão.
Coloco-o na posição humilde dos meus
joelhos na terra
Abro-o com os olhos que retiro de
todas as coisas quando os fixo
Na atenção.
E fico atento, fico deitado porque
não sei crescer
Num terreno que se levante.
Cresço na clareira de um homem que é
uma palavra
Na sua túnica inteira
Porque este é o sítio do dia sem
horário
Sem divisões
E ponho-me de frente no seu lado,
Nos seus braços abertos para me unir
E entro pelo lado aberto e ardo –
como Elias
Em chamas subindo para o céu.
Daniel Faria, Poesia, Vila Nova
de Famalicão:Quasi, 2003
Pintura, Van Gogh
Pintura, Van Gogh
sábado, 22 de março de 2014
Eterno Senhor de todas as coisas
Senhor Eterno de todas as coisas,
eu sinto seus olhos em mim,
eu sei que sua mãe está aqui em algum lugar
e que ao seu redor, há uma multidão
de homens e mulheres, mártires e santos.
Se você me ajudar,
eu gostaria de oferecer uma te
é a minha firme determinação e meu desejo
se você me aceitar,
vim a este mundo como você procedeu.
sei que você viveu em uma pequena aldeia,
sem comodidades, sem educação especial.
sei que rejeitou o poder político.
Eu sei o quanto você sofreu :
as autoridades rejeitaram você,
amigos abandonaram você,
mas, para mim, é uma coisa maravilhosa ,
que
convida-me a segui-lo de perto.
Adaptação original de
Santo Inácio de Loiola
Foto adaptada
Foto adaptada
sexta-feira, 21 de março de 2014
quinta-feira, 20 de março de 2014
Pedro, lembrando Inês
Em que pensar, agora, senão em ti? Tu,
que
me esvaziaste de coisas incertas, e
trouxeste a
manhã da minha noite. É verdade que te
podia
Dizer
Como é mais fácil deixar que as coisas
não mudem, sermos o que sempre fomos,
mudarmos
apenas dentro de nós próprios? Mas ensinaste-me
a sermos dois; e a ser contigo aquilo
que sou,
até sermos um apenas no amor que nos
une,
contra a solidão que nos divide. Mas é
isto o amor,
ver-te mesmo quando te não vejo, ouvir a
tua
voz que abre as fontes de todos os rios,
mesmo
ele que mal corria quando por ele
passámos,
subindo a margem em que descobri o
sentido
de irmos contra o tempo, para ganhar o
tempo
que o tempo nos rouba. Como gosto, meu
amor,
de chegar antes de ti para te ver
chegar: com
a surpresa dos teus cabelos, e o teu
rosto de água
fresca que eu bebo, com esta sede que
não passa. Tu:
a primavera luminosa da minha
expectativa,
a mais certa certeza de que gosto de ti,
como
gostas de mim, até ao fim do mundo que
me deste.
Nuno Júdice
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