quarta-feira, 15 de outubro de 2014
quarta-feira, 8 de outubro de 2014
Oração
Christina Nguyen
Quando atravesso a rua para entrar no
calor do automóvel,
ou sinto a proteção das “estações de
metro”,
dos cafés, do interior dos locais de
trabalho,
penso nos que dormem e vivem ao relento.
É verdade que somos todos,
de alguma maneira, gente sem-abrigo.
Que, em certas horas de solidão ou de sofrimento,
trazemos todos a alma
enregelada na imensidão ferida do nosso peito.
Mas quando a temperatura desce,
só me dá para rezar para que o Teu Espírito Santo nos desassossegue,
nos desinstale, nos faça caminhar
ao encontro dos mais pobres."
penso nos que dormem e vivem ao relento.
É verdade que somos todos,
de alguma maneira, gente sem-abrigo.
Que, em certas horas de solidão ou de sofrimento,
trazemos todos a alma
enregelada na imensidão ferida do nosso peito.
Mas quando a temperatura desce,
só me dá para rezar para que o Teu Espírito Santo nos desassossegue,
nos desinstale, nos faça caminhar
ao encontro dos mais pobres."
(P. José Tolentino Mendonça, Um Deus que dança).
sexta-feira, 19 de setembro de 2014
sexta-feira, 5 de setembro de 2014
Em nós a pressa mora
Em nós a pressa mora.
Mas do tempo ao passar
tal bagatela ignora,
entre o que tem vagar!
Tudo que corre agora
em breve há de acabar:
só o que custa a demora
nos pode consagrar.
Jovem, procura e ousa
- não a velocidade,
o voo tentador...
não, pois tudo repousa
no Eterno: claridade
e sombra, livro e flor.
Rainer Maria Rilke
sexta-feira, 8 de agosto de 2014
quinta-feira, 7 de agosto de 2014
Hora Grave
arte de Amy Weiskopf
Quem agora chora em algum lugar do mundo,
Sem razão chora no mundo,
Chora por mim.
Quem agora ri em algum lugar na noite,
Sem razão ri dentro da noite,
Ri-se de mim.
Quem agora caminha em algum lugar no mundo,
Sem razão caminha no mundo,
Vem a mim.
Quem agora morre em algum lugar no mundo,
Sem razão morre no mundo,
Olha para mim.
Rainer Maria Rilke
Sem razão chora no mundo,
Chora por mim.
Quem agora ri em algum lugar na noite,
Sem razão ri dentro da noite,
Ri-se de mim.
Quem agora caminha em algum lugar no mundo,
Sem razão caminha no mundo,
Vem a mim.
Quem agora morre em algum lugar no mundo,
Sem razão morre no mundo,
Olha para mim.
Rainer Maria Rilke
segunda-feira, 21 de julho de 2014
Há rumores, suspeitas que divagam,
e há dúvidas que te apagam.
Os indolentes e os sonhadores
não confiam nos seus fervores
e querem os montes a sangrar,
senão em ti não vão acreditar.
Mas tu baixas o teu rosto.
Poderias aos montes as veias abrir
como sinal de um juízo com grandeza disposto;
pois a ti não te importam
os pagãos.
Não queres todas as astúcias dirimir
nem o amor da luz procurar;
pois a ti não te importam
os cristãos.
Não te importam os que andam a buscar.
Com suave expressão
olhas para os que carregados vão.
Rainer Maria Rilke
em O Livro de Horas
e há dúvidas que te apagam.
Os indolentes e os sonhadores
não confiam nos seus fervores
e querem os montes a sangrar,
senão em ti não vão acreditar.
Mas tu baixas o teu rosto.
Poderias aos montes as veias abrir
como sinal de um juízo com grandeza disposto;
pois a ti não te importam
os pagãos.
Não queres todas as astúcias dirimir
nem o amor da luz procurar;
pois a ti não te importam
os cristãos.
Não te importam os que andam a buscar.
Com suave expressão
olhas para os que carregados vão.
Rainer Maria Rilke
em O Livro de Horas
segunda-feira, 30 de junho de 2014
Pedro Arrupe
do que amá-Lo de um modo absoluto, até ao fim.
Aquilo por que estejas enamorado
e arrebate a tua imaginação, afectará tudo.
Determinará o que te há-de fazer levantar de manhã
e o que farás dos teus finais de tarde;
como passarás os fins-de-semana,
o que irás ler e quem deverás conhecer;
o que te partirá o coração e o que te encherá
de espanto, alegria e gratidão.
Enamora-te, permanece enamorado,
e isso decidirá o resto!
Pedro Arrupe sj
sábado, 28 de junho de 2014
pedra vazia
Vimos a pedra vazia no interior da terra
A manhã. Nós não tocámos a luz
Inesperada. Pensámos
Que já o sono sendo eterno te afastara
E que farol que foste
Agora onda após onda, brasa extinta, naufragava
Nunca mais, pensámos, dormirias na proa
E quase desaprendêramos a guiar o barco
Em nossas viagens não amainaria mais, pensámos, e chegar a casa
Seria ver multiplicar-se
A nossa fome como o peixe e como o pão
Chegámos a terra porém e esperavas-nos
Os pés furados como conchas sobre a areia
E sentámo-nos em redor para comer
Daniel Faria
terça-feira, 10 de junho de 2014
segunda-feira, 26 de maio de 2014
Assim o Amor
Assim o amor
Espantado meu olhar com teus cabelos
Espantado meu olhar com teus cavalos
E grandes praias fluídas avenidas
Tardes que oscilam demoradas
E um confuso rumor de obscuras vidas
E o tempo sentado no limiar dos campos
Com seu fuso sua faca e seus novelos
Em vão busquei eterna luz precisa
Sophia de Mello Breyner Andresen, in “Obra Poética”
Espantado meu olhar com teus cabelos
Espantado meu olhar com teus cavalos
E grandes praias fluídas avenidas
Tardes que oscilam demoradas
E um confuso rumor de obscuras vidas
E o tempo sentado no limiar dos campos
Com seu fuso sua faca e seus novelos
Em vão busquei eterna luz precisa
Sophia de Mello Breyner Andresen, in “Obra Poética”
quinta-feira, 22 de maio de 2014
domingo, 18 de maio de 2014
Viver de Amor
"...
Viver de Amor não é sobre esta terra
Fixar sua tenda no alto do Tabor.
É com Jesus, subir o Calvário;
É olhar a cruz como um tesouro!...
No Céu, devo viver de gozo;
Então, a provação terá fugido para sempre.
Mas exilada, eu quero no sofrimento,
Viver de Amor.
Viver de Amor não é sobre esta terra
Fixar sua tenda no alto do Tabor.
É com Jesus, subir o Calvário;
É olhar a cruz como um tesouro!...
No Céu, devo viver de gozo;
Então, a provação terá fugido para sempre.
Mas exilada, eu quero no sofrimento,
Viver de Amor.
Viver de Amor é dar-se sem medidas,
Sem reclamar salário sobre esta terra.
Ah! Sem contar, eu dou bem convencida
Que quando se ama, não se calcula!
Ao Coração Divino, transbordante de ternura
Eu tudo dei, corro ligeira,
Nada mais tenho que essa única riqueza:
Viver de Amor.
Sem reclamar salário sobre esta terra.
Ah! Sem contar, eu dou bem convencida
Que quando se ama, não se calcula!
Ao Coração Divino, transbordante de ternura
Eu tudo dei, corro ligeira,
Nada mais tenho que essa única riqueza:
Viver de Amor.
...
Morrer de Amor, eis aí minha esperança.
Quando vir quebraram-se meus laços,
Meu Deus será minha grande recompensa.
Outros bens não quero possuir,
Quero ser abrasada em teu Amor,
Quero vê-Lo e a Ele me unir para sempre.
Eis aí o meu Céu, eis meu destino:
Viver de Amor!!!..."
Quando vir quebraram-se meus laços,
Meu Deus será minha grande recompensa.
Outros bens não quero possuir,
Quero ser abrasada em teu Amor,
Quero vê-Lo e a Ele me unir para sempre.
Eis aí o meu Céu, eis meu destino:
Viver de Amor!!!..."
Poesia de Santa Teresinha do Menino
Foto: Visita à Casa de Sicar (recanto de Oração)
quarta-feira, 14 de maio de 2014
Se fosses
Se fosses pássaro
baterias as asas para destruir a armadilha
Se fosses insecto deixarias circulos apenas ao redor da luz
Se fosses abelha farias zumbir a revolta
Mas és voo pela sombra
Se fosses formiga carregarias a ordem, armazenarias a fadiga
Se fosses flor polinizarias a terra
Serias coroa incorruptível
Se fosses flor através das estações
Se fosses insecto deixarias circulos apenas ao redor da luz
Se fosses abelha farias zumbir a revolta
Mas és voo pela sombra
Se fosses formiga carregarias a ordem, armazenarias a fadiga
Se fosses flor polinizarias a terra
Serias coroa incorruptível
Se fosses flor através das estações
Daniel Faria
Quando o reconhecem, deixam de O ver...
"Reconhecido, Jesus desaparece da sua vista. Aquele que, como Corpo, diz «tomai e comei» é o mesmo que passa, dizendo «não me tocar». A presença do ressuscitado recusa fazer-se morada que aprisione, coisa que se possua. Agora, é nos lugares concretos da humanidade que o podemos encontrar".
(P. José Frazão, sj - ao comentar uma passagem dos discípulos de
Emaús)
quinta-feira, 24 de abril de 2014
Páscoa é lua cheia
Páscoa é lua
cheia, inconsútil, inteira,
Sementeira
de luz na nossa eira.
Deixa-a
viver, crescer, iluminar.
Afaga-lhe a
voz e o olhar.
Não lhe
metas pás, não lhe deites cal.
Não lhe
faças mal.
Não são
notas enlatadas, brasas apagadas.
É música
nova, lume vivo e integral.
Não é
paragem, mas passagem,
Aragem a
ferver e a gravar em ponto Cruz
A mensagem
que arde no coração dos dois de Emaús.
A Páscoa é
Jesus.
D. António
Couto
domingo, 13 de abril de 2014
sexta-feira, 11 de abril de 2014
Mas tu existes
E aos dias vou eu
somando de tudo o que vejo,
o que leio, o que penso
e o que amo.
Enquanto estes dias
estão vivos
e a primavera,
nas flores..
Alice
Os dias somam ruína à ruína
E o vir multiplicará
A miséria.
Apodreço não adubando a terra
E cada dia somado a cada hora
Não completa o tempo.
Sei que existes e multiplicarás
A tua falta.
Somarei a tua ausência à minha escuta
E tu redobrarás a minha vida.
foto: camélias em Soutelo
domingo, 6 de abril de 2014
Tenho Saudades do Calor ó Mãe
Tenho saudades do calor ó mãe que me penteias
Ó mãe que me cortas o cabelo — o meu cabelo
Adorna-te muito mais do que os anéis
Dá-me um pouco do teu corpo como herança
Uma porção do teu corpo glorioso — não o que já tenho —
O que em ti já contempla o que os santos vêem nos céus
Dá-me o pão do céu porque morro
Faminto, morro à míngua do alto
Tenho saudades dos caminhos quando me deixas
Em casa. Padeço tanto
Penso tanto
Canto tão alto quando calculo os corpos celestes
Ó infinita ó infinita mãe
Daniel Faria, in "Dos Líquidos"
Ó mãe que me cortas o cabelo — o meu cabelo
Adorna-te muito mais do que os anéis
Dá-me um pouco do teu corpo como herança
Uma porção do teu corpo glorioso — não o que já tenho —
O que em ti já contempla o que os santos vêem nos céus
Dá-me o pão do céu porque morro
Faminto, morro à míngua do alto
Tenho saudades dos caminhos quando me deixas
Em casa. Padeço tanto
Penso tanto
Canto tão alto quando calculo os corpos celestes
Ó infinita ó infinita mãe
Daniel Faria, in "Dos Líquidos"
terça-feira, 1 de abril de 2014
A difícil Bênção da Vida e da Fé
«Entre
outras coisas, num pequenino cartão, escreveu-me, há tempos, uma pessoa cara:
‘Apreciei muito o seu convite, mas, infelizmente, não o poderei aceitar. Sei
que seria uma bela ocasião para voltarmos a conversar, mas devemos respeitar e
abraçar a difícil bênção da contingência’. Respeitar e abraçar a difícil bênção
da contingência. Extraordinária sabedoria de vida. E extraordinária síntese da
vida. Bênção e custo. Dom e conquista. Promessa e limite. Inseparavelmente. Do
mesmo modo a fé em Jesus Cristo. A graça do dom de Deus. O custo do
reconhecimento humano. E, entre um e o outro, a difícil inscrição da fé na vida
de cada dia, nos encontros de todos os dias, sobretudo quando o custo parece
fazer esquecer a graça, e a banalidade, a promessa e o vazio, a alegria. Porém,
é assim que nos espera a vida. É assim que se realiza a fé. E é tanto.
Entre
estas linhas, na forma de um tríptico, se desenham as páginas que seguem. Como
um interstício, no centro está a fronteira, lugar de passos e de passagens, de
perdas e de paixão. Se nos custa reconhecer como a fé se tornou irrelevante
para tantos e como, por vezes, faltam às comunidades cristãs a força dos gestos
e a unção das palavras que sejam capazes de dar um corpo vivo à graça do
Evangelho, poderemos chegar a receber esta experiência de prova como bênção de
um tempo favorável.»
Entre-tanto:
A difícil Bênção da Vida e da Fé
p.
José Frazão Correia sj,
Imagem - klimt Bauerngarten
segunda-feira, 31 de março de 2014
quarta-feira, 26 de março de 2014
Não me perguntes, porque nada sei
Não me perguntes, porque nada sei
Da vida,
Nem do amor,
Nem de Deus,
Nem da morte.
Vivo,
Amo,
Acredito sem crer,
E morro, antecipadamente
Ressuscitando.
O resto são palavras
Que decorei
De tanto as ouvir.
E a palavra
É o orgulho do silêncio envergonhado.
Num tempo de ponteiros, agendado,
Sem nada perguntar,
Vê, sem tempo, o que vês
Acontecer.
E na minha mudez
Aprende a adivinhar
O que de mim não possas entender.
Miguel Torga
Da vida,
Nem do amor,
Nem de Deus,
Nem da morte.
Vivo,
Amo,
Acredito sem crer,
E morro, antecipadamente
Ressuscitando.
O resto são palavras
Que decorei
De tanto as ouvir.
E a palavra
É o orgulho do silêncio envergonhado.
Num tempo de ponteiros, agendado,
Sem nada perguntar,
Vê, sem tempo, o que vês
Acontecer.
E na minha mudez
Aprende a adivinhar
O que de mim não possas entender.
Miguel Torga
segunda-feira, 24 de março de 2014
Quem és tu
Quem és tu que assim vens pela noite adiante,
Pisando o luar branco dos caminhos,
Sob o rumor
das folhas inspiradas?
A perfeição nasce do eco dos teus passos,
E a tua presença acorda a plenitude
A que as coisas tinham sido destinadas.
A história da noite é o gesto dos teus braços,
O ardor do vento a tua juventude,
E o teu andar é a beleza das estradas.
Sophia de Mello Breyner Andresen
domingo, 23 de março de 2014
Este é o dia novo. Sei-o pelo desejo
Este é o dia novo. Sei-o pelo desejo
De o transformar. Este é o dia
transformado
Pelo modo como apoio este dia no
chão.
Coloco-o na posição humilde dos meus
joelhos na terra
Abro-o com os olhos que retiro de
todas as coisas quando os fixo
Na atenção.
E fico atento, fico deitado porque
não sei crescer
Num terreno que se levante.
Cresço na clareira de um homem que é
uma palavra
Na sua túnica inteira
Porque este é o sítio do dia sem
horário
Sem divisões
E ponho-me de frente no seu lado,
Nos seus braços abertos para me unir
E entro pelo lado aberto e ardo –
como Elias
Em chamas subindo para o céu.
Daniel Faria, Poesia, Vila Nova
de Famalicão:Quasi, 2003
Pintura, Van Gogh
Pintura, Van Gogh
sábado, 22 de março de 2014
Eterno Senhor de todas as coisas
Senhor Eterno de todas as coisas,
eu sinto seus olhos em mim,
eu sei que sua mãe está aqui em algum lugar
e que ao seu redor, há uma multidão
de homens e mulheres, mártires e santos.
Se você me ajudar,
eu gostaria de oferecer uma te
é a minha firme determinação e meu desejo
se você me aceitar,
vim a este mundo como você procedeu.
sei que você viveu em uma pequena aldeia,
sem comodidades, sem educação especial.
sei que rejeitou o poder político.
Eu sei o quanto você sofreu :
as autoridades rejeitaram você,
amigos abandonaram você,
mas, para mim, é uma coisa maravilhosa ,
que
convida-me a segui-lo de perto.
Adaptação original de
Santo Inácio de Loiola
Foto adaptada
Foto adaptada
sexta-feira, 21 de março de 2014
quinta-feira, 20 de março de 2014
Pedro, lembrando Inês
Em que pensar, agora, senão em ti? Tu,
que
me esvaziaste de coisas incertas, e
trouxeste a
manhã da minha noite. É verdade que te
podia
Dizer
Como é mais fácil deixar que as coisas
não mudem, sermos o que sempre fomos,
mudarmos
apenas dentro de nós próprios? Mas ensinaste-me
a sermos dois; e a ser contigo aquilo
que sou,
até sermos um apenas no amor que nos
une,
contra a solidão que nos divide. Mas é
isto o amor,
ver-te mesmo quando te não vejo, ouvir a
tua
voz que abre as fontes de todos os rios,
mesmo
ele que mal corria quando por ele
passámos,
subindo a margem em que descobri o
sentido
de irmos contra o tempo, para ganhar o
tempo
que o tempo nos rouba. Como gosto, meu
amor,
de chegar antes de ti para te ver
chegar: com
a surpresa dos teus cabelos, e o teu
rosto de água
fresca que eu bebo, com esta sede que
não passa. Tu:
a primavera luminosa da minha
expectativa,
a mais certa certeza de que gosto de ti,
como
gostas de mim, até ao fim do mundo que
me deste.
Nuno Júdice
terça-feira, 18 de fevereiro de 2014
Confidencial
Não me perguntes, porque nada sei
Da vida,
Nem do amor,
Nem de Deus,
Nem da morte.
Vivo,
Amo,
Acredito sem crer,
E morro, antecipadamente
Ressuscitando.
O resto são palavras
Que decorei
De tanto as ouvir.
E a palavra
É o orgulho do silêncio envergonhado.
Num tempo de ponteiros, agendado,
Sem nada perguntar,
Vê, sem tempo, o que vês
Acontecer.
E na minha mudez
Aprende a adivinhar
O que de mim não possas entender.
Miguel Torga
Foto Sortelha (Zilda)
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